Quem somos, porque estamos neste mundo, qual o propósito da nossa existência, o que fazemos a nós mesmos e aos outros são algumas questões que me coloco com certa frequência, nos dias de hoje, devido a tantos desvarios, desavenças, incompreensão e mortes.
Se vivemos em sociedade, há um objetivo, que, em minha opinião, deveria apenas contemplar a entreajuda, a solidariedade, a fraternidade e o amor.
Contudo, o que se observa é a destruição de vidas, é o constante atentado aos direitos humanos, é a falta de respeito pelo próximo, é a ganância pelo poder e pelo dinheiro, a devastação de comunidades e seu património, são os atentados contra o planeta que nos acolheu e do qual dependemos para viver e nem sequer os animais e seus habitats estamos a poupar.
Eu pergunto: até quando isto será tolerado? Até quando vamos virar costas às vítimas de massacres? Até quando vamos ser egoístas e pensar que não temos responsabilidade sobre o que está a acontecer em determinada região do mundo só porque está distante de nossa casa?
Todos somos culpados por tão pouco fazermos pelos outros. Por permitirmos a morte, a tortura, a opressão, a falta de liberdade e de direitos igualitários, a interrupção da infância a tantas crianças e o atentado à sua integridade física. Somos culpados sempre que viramos as costas a quem procura ajuda, como os refugiados, que desesperados, mas com coragem, deixam para trás tudo o que edificaram em suas vidas com o seu trabalho. Subtraíram-lhes tudo ou quase tudo, porque aqueles que resistiram à travessia do caos para encontrarem um país que lhes abrisse as portas, a esses, ainda lhes sobrou a dignidade.
O que temos feito? Pouco. “Não” podemos interferir, porque “Não” devemos meter a foice em seara alheia, “Não” queremos repartir o pouco ou o muito que temos com os que precisam, porque amanhã podemos “Não” ter, “Não” podemos perder tempo, porque aquele é dinheiro, é mais sensato “Não” aprofundar muito sobre determinado assunto, porque as causas podem pesar para o nosso lado… São muitos “Não” que deveriam ser canalizados para a não permissão de tantas ações incorretas e desumanas. Vivemos, de facto, numa civilização onde o medo nos impede de tomar decisões sensatas e solidárias, quando, se bem analisada, a palavra “medo” devia motivar-nos a ter mais energia para dobrarmos obstáculos.
Somos seres humanos e não animais irracionais, se bem que até estes, muitas vezes, nos dão grandes lições de vida.
Somos um mosaico de culturas, mas isso é uma mais-valia, pois na troca de conhecimentos ficamos mais ricos.
Podemos ter religiões diferentes, mas, tal como Mahatma Ghandi dizia: “As religiões são caminhos diferentes convergindo para o mesmo ponto. Que importância faz se seguimos por caminhos diferentes, desde que alcancemos o mesmo objetivo?”
Não é a religião, a diversidade de cultura, a cor ou as ideologias que nos impedirão de viver em paz e harmonia, basta para isso termos a vontade de sermos uma grande comunidade, convergindo para um mesmo fim que deverá ser a solidariedade e o amor entre os povos. Ainda segundo Ghandi, “O Amor é a força mais abstrata, e também a mais potente que há no mundo”.
Assim sendo, em vez de pegar em armas, sirvamo-nos do amor e construamos um mundo mais benigno, mais unido, onde haja um lugar para todos, onde existam sorrisos partilhados, abraços calorosos que levem esperança a quem a tinha perdido.
Deixo-lhes uma sugestão: pratiquem o voluntariado e sintam com todo o vosso ser, como há tanta gente carente de amor, de sorrisos, de abraços, e ofereçam sem limites os vossos afetos.
Uma semana cheia de amor e paz é o meu desejo para todos vós.