A situação do novo coronavírus – COVID-19 já é conhecido por todos os portugueses e não há muito que possa ser dito que ainda não tenha sido dito. Pelo menos não no âmbito de “opinião”. Numa altura em que todos têm uma opinião vincada.
Para além dos dados factuais apontados pela Direção-Geral da Saúde e a conferências diárias da ministra Marta Temido, que ocupa neste momento uma posição extremamente complicada, há ainda que relembrar a importância da situação social em que se encontra o país.
Em primeiro lugar tenho de salientar o aspeto negligente de todos os portugueses que propagam informações falsas deliberadamente nas suas redes sociais, que se espalham ainda mais depressa que o vírus. Recentemente partilharam um email que garantia resposta em até 30 minutos e que momentos mais tarde foi desmentido por entidades oficiais. Há também um grande número de correntes de áudios através do whatsapp de “médicos”, partilhado por “pessoas com grande visibilidade” através de redes como o twitter que resulta numa desinformação constante e num alarido social.
Este mesmo alarmismo causa situações como a segunda situação que vou referir.
Em segundo lugar, a inconsciência social nas compras. Se fossem feitas compras semanais ou quinzenais, poderíamos evitar esgotar stocks de papel higiénico (ainda sem qualquer nexo e conexão com o CODIV-19) e por ventura, os stocks de carne e comida de um modo geral. Se de facto “rebentasse” uma guerra mundial no início de Janeiro como é que estariam a agir neste momento? Muitas destas pessoas foram apanhadas numa avalanche de informações falsas pelo primeiro ponto que apontei e viram-se “aflitas” correndo para os hipermercados e aumentando a possibilidade de contágio. É claro que todos necessitamos de fazer compras, mas será mesmo necessário 4 packs de papel higiénico com 48 rolos cada? Ou 53 quilos de arroz carolino?
E por fim, a questão do isolamento social. É complicado permanecer em casa durante tempo indeterminado. Numa fase inicial há uma horda de cibernéticos com uma data de sugestões, com 50 livros diferentes para ler, com filmes e séries… Mas estamos ainda numa fase inicial e só podemos esperar que mantenham este entusiasmo para o que possa vir daqui para a frente. Temos em mãos uma situação forçada que requer de nós muita paciência.
Nesta altura só podemos apelar a uma comunidade enquanto sociedade, tanto nacional como global. Temos de nos relembrar diariamente que trabalhamos todos com o mesmo objetivo uma vez que se trata de uma pandemia (internacional). Com isto há que reter em mente a “chuva de aplausos” que se fez sentir na passada noite do dia 14 de Março para todos os profissionais de saúde. Em tom de agradecimento. Isto deve ficar na nossa memória mesmo após o desaparecimento do vírus.
O Serviço Nacional de Saúde (SNS), que dispomos desde 1979 em Portugal, é uma mais valia numa situação como esta e não podemos permitir que o mesmo acabe!
O constante esforço que é feito por parte das entidades oficiais só pode ter soluções se cada um de nós fizer a sua parte enquanto membro da sociedade, caso contrário tornar-se-á fácil criticar o SNS e as “políticas” do mesmo.
Este autor não escreve segundo o novo acordo ortográfico.