OPINIÃO: Sentimentos

Mónica Pinto, 55 anos, Locutora de rádio

Nós, humanos, somos movidos por sentimentos diversos, uns positivos outros negativos. Não recomendo os sentimentos negativos porque arrastam consigo infelicidade e escuridão, solidão e uma mão cheia de nada.

Os sentimentos deveriam ser benignos e causar só bem-estar. Alguns assim serão, pelo menos, aqueles que dependem apenas de nós e quando estamos emocionalmente equilibrados.

Viver salutarmente, tanto física como psiquicamente, proporciona bons fluídos energéticos que emanam de dentro de nós para os outros, causando boa impressão e sentimentos positivos no convívio com o próximo.

Sentimentos como o amor, a amizade, a solidariedade, carinho, alegria, devem ser cultivados e cuidados todos os dias para não perecerem.

Cuidado, entretanto, para não semearmos ilusões na vida de alguém e deixarmos marcas indeléveis e difíceis de curar.

Muitas são as pessoas que gostam de brincar com os sentimentos dos outros. Chegam na vida de alguém e começam por seduzir através de palavras e de atitudes e, quando atingem o objetivo planeado, afastam-se e deixam os sentimentos alheios abalados, bem como as vidas dessas pessoas, que nada pediram, e que, de repente, veem-se apanhadas numa armadilha e com as consequentes marcas dolorosas e invisíveis ou não, porque a tristeza ensombra o rosto dessas pessoas que foram iludidas e deixadas à sua sorte.

A recuperação nem sempre é fácil, dependendo da sensibilidade de cada ser humano. Quando nos apaixonámos, não é com o nosso cérebro, mas sim com o nosso coração, que não tem a capacidade de raciocínio, mas apenas de amar e, muitas vezes, deixa-se seduzir e ama com demasiada intensidade.

Esse mesmo coração, depois de alertado pelo cérebro inúmeras vezes, acaba por sofrer com a mesma intensidade com que amou. A dor é tão forte que o pobre coração sente um aperto tão grande que, tal como um vulcão, ele deixa transbordar a sua tristeza, em forma de lágrimas, pelos olhos da pessoa que acreditou piamente que podia enfim ser amada e feliz.

Muitas destas pessoas sedutoras são assim porque precisam de provar a elas mesmas que ainda conseguem despoletar nos outros sentimentos de atração física e amor. Isso proporciona-lhes um superego e é também uma maneira de se avaliarem e sentirem a chamada auto-estima.

Agora, eu pergunto a essas pessoas que direito elas têm de alimentar ilusões e plantar esperanças de amor eterno no coração de quem acredita ainda na boa fé e boas intenções de muitas pessoas que passam pela vida para semear a tristeza, a dor e muitas mágoas?

Estas pessoas que fazem “coleção” de semear ilusões em corações ingénuos, esquecem, porventura, que a vida lhes vai dar a dobrar tudo o que de bom ou mau depositaram na vida das pessoas que iludiram e magoaram?

Tudo o que de bom fizermos nesta vida pelos outros e sendo nós boas pessoas, a vida retribuir-nos-á, nas mesmas proporções e será sempre generosa para connosco e disso peço-lhes que não tenham a mínima dúvida.

Não façamos a ninguém o que, decerto, não gostaríamos que nos fizessem. Tratemos os outros melhor do que a nós mesmos. Usemos o espelho para acharmos a capacidade de não magoarmos o nosso semelhante.

As pessoas não são coisas que se possam descartar.

O ser humano é complexo, está inteligentemente construído, mas também é frágil, quebra com demasiada facilidade. Fazendo uma analogia, somos como cristais puros, por esse motivo, tanto podemos brilhar, como, de repente, sermos quebrados pelo descuido dos outros.

Conseguem visualizar como fica um cristal quebrado? Fica cheio de marcas indeléveis e é assim que nós ficamos quando acreditamos nos sentimentos que dizem sentir por nós e depois descobrimos que era tudo uma grande farsa.

Essas marcas profundas não são fáceis de esquecer e o tempo até pode ajudar, mas elas ficarão sempre lá para nos lembrar do passado e sermos prudentes no presente, para que não voltemos a ser peças num tabuleiro de xadrez, que é a vida, nas mãos de jogadores sem escrúpulos.

Este tipo de pessoas pululam ao redor de nós, parecem até ser normais, mas há dentro delas um desequilíbrio, uma insatisfação, um vazio, uma insaciedade que as impulsiona a ter este tipo de reações para com o próximo. São pessoas que aparentam domínio e eficácia perante desafios ou, quando são “apanhados”, porque têm sempre uma resposta convincente, são manipuladores e pessoas “sabonete”, ou seja, escapam sempre, ou quase, às perguntas e situações que os deixam desconfortáveis.

Tenham cuidado com este tipo de pessoa, porque não têm bons sentimentos para com ninguém, nem para com elas, porque, no final das contas, vivem sempre infelizes, ansiosos e na escuridão.

Em conclusão, ainda que fique muito por dizer, sugiro que sejam empáticos, ou seja, coloquem-se no lugar do outro e avaliem como se sentiriam se passassem pelo mesmo tipo de situação que proporcionam ao vosso semelhante, é tão simples quanto isto. Não magoariam mais ninguém, ou, pelo menos, esforçar-se-iam nesse sentido. Seriam, com toda a certeza, pessoas mais felizes, mais solidárias e menos solitárias e insatisfeitas.

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