Pitada de Pimenta
Ouvi dizer que as séries estão na moda, não é?
Muito bem. Surpresa! Hoje trago-vos mais um episódio da série “Corrupção”, já disponível lá para África e também em Portugal; série que está a alcançar as fronteiras, deambulando pelo mundo inteiro, e há quem diga que está a passar a perna a La Casa de Papel. Não acredita?
Spoiler alert! porque, hoje, vão ficar a saber quais os segredos por detrás de um dos episódios mais emocionantes na história da Netflix.
Ela é a mulher mais rica de África, tem bilhões, um iate, duas casas em Londres que valem milhões e fotos com algumas celebridades azeiteiras. Isabelinha admitiu ter tudo o que tem hoje por mérito próprio, tal como o seu país – Angola.
Mas, será por mérito? É aqui que o drama e o horror se unem e fazem deste episódio o mais intenso para os telespectadores e consecutivos críticos.
A história incendeia-se. Vivendo despreocupada que nem uma burguesa do século passado, Isabelinha foi confrontada pelo Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos, pelos mais de 700.000 documentos que vazaram do seu império. Um verdadeiro guia sobre como explorar um país à base de terra, petróleo, telecomunicações e até diamantes. Vejamos como: comprou km de terra do governo (portanto, ao próprio pai), expulsando as famílias que viviam naquele espaço, deixando-as, agora, a viver de forma mísera, viradas para um esgoto, onde a doença e a morte os perseguem todos os dias, ganhando milhões com essas forçadas expulsões; a Sonangol, companhia estatal de petróleo de Angola, concordou em vender 40% da sua participação na empresa portuguesa de energia – GALP –, sendo o preço dessa ação de 75 milhões de euros, um preço que Isabelinha apenas pagou 15% do preço adiantado, já que os restantes 85% foram diferidos e transformados em empréstimos da empresa estatal de petróleo; relativamente a um dos recursos mais preciosos do país, os diamantes, descobriu-se que a família Santos tinha controlo no fornecimento e venda desse recurso, prática que, nas palavras do atual Presidente de Angola, “o Estado não beneficiou de um único dólar”.
Isabelinha assume perante a película, na cara de um povo que sobrevive debilmente, distribuindo sorrisos com o entrevistador da BBC África, dizendo que todas as alegações são falsas. Até que ponto Isabelinha vai fugir, mesmo com as provas escarrapachadas na cara? Até que ponto Isabelinha vai continuar a negar as transferências milionárias que fez, tendo como aliado proveitoso o seu pai? Até que ponto será Isabelinha tão rica, sendo tão pobre de espírito? É o que vamos ficar a saber nos próximos episódios.
É caso para nós dizermos: Pobres dos ricos que tanto têm, para que é que serve tanto dinheiro? Pois faltam sonhos, falta vontade, falta o tempo e a liberdade! Vivem com medo de perder algo, muita arrogância e muita ganância!
Tinhas toda a razão em 2007, Floribella. Toda mesmo.