Entre os quatro portugueses que podem vir a ser Papa estão dois cardeais eleitores naturais da Região Norte: D. António Marto e D. Américo Aguiar. O conclave, eleição papal, vai realizar-se esta quarta-feira, 7 de maio.
D. António Marto, natural de Chaves e bispo emérito de Leiria-Fátima, foi criado cardeal pelo Papa Francisco a 28 de junho de 2018.
António Augusto dos Santos Marto nasceu a 5 de maio de 1947 e foi ordenado padre em Roma, em 1971, integrando-se no clero de Vila Real. Quando regressou de Itália, permaneceu definitivamente na cidade do Porto, como professor de Teologia na Universidade Católica.
Em 2000, foi nomeado bispo auxiliar de Braga, pelo Papa João Paulo II, tendo passado pela Diocese de Viseu antes de ser escolhido por Bento XVI, em 2006, como bispo de Leiria-Fátima. É, desde 2022, bispo emérito de Leiria-Fátima e deputado do Dicastério para as Causas dos Santos.
D. Américo Aguiar é natural de Leça do Balio, em Matosinhos, e bispo de Setúbal. Nasceu a 12 de dezembro de 1973.
Américo Manuel Alves Aguiar foi ordenado sacerdote em 2001, foi diretor do Secretariado Nacional de Comunicação Social entre 2016 e 2019 e foi presidente das empresas do Grupo Renascença Multimédia, tendo sido nomeado bispo auxiliar de Lisboa pelo Papa Francisco, a 1 de março de 2019.
Além disso, presidiu ainda à Fundação JMJ (Jornada Mundial da Juventude) Lisboa 2023 e foi diretor do Departamento de Comunicação do Patriarcado de Lisboa.
A criação cardinalícia aconteceu no conclave de 30 de setembro de 2023, sendo que Américo Aguiar é membro do Dicastério para a Comunicação.
Do conclave também vão fazer parte D. Manuel Clemente, patriarca emérito de Lisboa e D. José Tolentino Mendonça, prefeito do Dicastério para a Cultura e Educação.
O que é o conclave?
Após o falecimento do Papa Francisco, a 21 de abril, o próximo pontífice terá de ser decido no conclave, uma eleição papal.
O conclave consiste numa reunião do colégio dos cardeais eleitores (com idade inferior a 80 anos), que decorre em regime de clausura durante o período de Sé vacante (período em que a Sé Apostólica – centro pastoral e administrativo da Igreja, tendo à frente o Papa – fica legitimamente vacante por morte ou renúncia do pontífice).
No total, vão ser 133 os cardeais responsáveis por esta escolha, que têm de ter menos de 80 anos no primeiro dia da Sé vacante (21 de abril) e que não estejam legitimamente impedidos, de acordo com as atuais normas da Igreja Católica.
Em teoria, qualquer homem batizado que seja solteiro e esteja em comunhão com a Igreja Católica pode ser eleito Papa, mas há quase 650 anos que o escolhido é um cardeal, refere a Agência Ecclesia.
Para que a eleição se concretize, é necessária uma maioria de dois terços (89 dos atuais 133 eleitores) e as votações continuam até que um candidato obtenha a maioria necessária. No caso de após três dias e escrutínios o resultado permanecer inconclusivo, as votações serão suspensas durante um dia, no máximo, para uma pausa de oração, de colóquio entre os votantes e de reflexão espiritual. Há três séries de sete escrutínios, com novas pausas, previstas se a eleição se prolongar.
A data para o conclave é firmada para depois de, no máximo, 20 dias desde a morte ou renúncia do Papa. Contudo, há a possibilidade de este tempo ser antecipado se estiverem presentes todos os cardeais eleitores.
No início do conclave, os cardeais fazem um juramento de “segredo absoluto” sobre todos os procedimentos que vão decorrer. Presentes vão estar os cardeais eleitores e também outros elementos para acudirem às exigências pessoais e de serviço relacionadas com a realização da eleição.
Durante este período de eleição, os cardeais ficam alojados na Casa de Santa Marta, no Vaticano, junto à Basílica de São Pedro, assistem às celebrações litúrgicas na Capela de Santa Marta (e possivelmente noutras capelas), e participam na eleição na Capela Sistina.
No que diz respeito à votação em concreto, decorre com o preenchimento anónimo de um boletim retangular no qual é possível ler: “Eligo in Summum Pontificem” (Elejo como Sumo Pontífice). Ao levarem o voto ao altar, os cardeais, por ordem de criação, terão de pronunciar um juramento.
Depois de serem voltados a contar, os votos são queimados. Se o fumo que sair da chaminé da Capela Sistina for negro, significa que não houve acordo, mas, se for branco, foi escolhido o novo Papa.
Depois de ser eleito, o escolhido terá de aceitar (ou não) o novo cargo e indicar como quer ser chamado.
Já houve um papa português
D. Pedro Julião ou Pedro Hispano, natural de Lisboa, foi o único Papa português. Segundo o site do Patriarcado de Lisboa, Pedro Hispano era filósofo, teólogo, cientista e médico, além de autor de várias obras científicas.
Depois de ter estado em Roma e de ter participado no concílio ecuménico de Lyon, tratou o Papa Gregório X de uma doença dos olhos e foi elevado a Cardeal em 1274. Entre setembro de 1276 e maio de 1277, foi Papa com o nome de João XXI.
Teve ainda uma menção na obra “Divina Comédia”, de Dante, e dá nome ao hospital público do Serviço Nacional de Saúde Hospital Pedro Hispano, que faz parte da Unidade Local de Saúde de Matosinhos e foi inaugurado em 1997.
Foto: Coronel G/Unsplash