Chama-se “Diário do Empreendedor” e tem “cerca de duas semanas”. O projeto, criado por Sérgio Salino, um trabalhador da área da consultoria de gestão e empreendedor, pretende ser um “blog informativo” quer para empresas, quer para trabalhadores independentes.
“Atualmente, como as pessoas estão a passar por mais dificuldades, estão a necessitar de procurar ao máximo toda a informação que necessitam. A ideia partiu daí. Um blog/website informativo, onde tanto empresas como trabalhadores independentes podem ter acesso aos apoios criados pelo Governo para a pandemia e onde podem também ler artigos de opinião com informação em que eu acredito para tentar que possam melhorar as suas capacidades quer como empreendedores, quer como gestores de empresas”, contou ao Jornal Referência o criador do projeto, acrescentando que o mesmo “está a correr bastante bem”.
O empreendedor é também o responsável pela Macro Consulting, uma empresa da área da consultoria de gestão que oferece, neste altura, apoio gratuito às empresas. “Nós temos aqui alguma responsabilidade social no meio disto tudo. Estou a receber dois a três contactos por dia de empreendedores que têm dúvidas sobre os apoios e o ‘Diário do Empreendedor’ surgiu também para colmatar essas dúvidas”.
Questionado acerca das medidas adotadas no âmbito da economia para fazer face às consequências do Covid-19, o também mestre em finanças empresariais é direto ao afirmar que, na sua opinião, as soluções encontradas “não são suficientes”.
“Quando a legislação começou a sair, os apoios eram, de facto, pouco interessantes. Hoje, passado três semanas, continuo a achar que as soluções não são suficientes por não existir um grande apoio do Estado”, explica, acrescentando que “o lay-off não é suficiente, uma vez que, no caso das empresas, a banca está ainda a cobrar algumas taxas que não são muito interessantes”. “Está tudo muito demorado, existe ainda uma grande burocracia e, portanto, as medidas não são aquelas que estão a ser vendidas ao público e estão a demorar ainda as soluções a saírem para as empresas”, opina.
O lay-off consiste na redução temporária dos períodos normais de trabalho ou suspensão dos contratos de trabalho efetuada por iniciativa das empresas, durante um determinado tempo, devido a motivos de mercado, estruturais ou tecnológicos, catástrofes ou outras ocorrências que tenham afetado gravemente a atividade normal da empresa, desde que tais medidas se mostrem indispensáveis para assegurar a viabilidade económica da empresa e a manutenção dos postos de trabalho.
Acerca deste conceito, Sérgio Salino explica que, ao pensar em lay-off, tem que se pensar no seu principal problema, o “tecido empresarial português”. “O tecido empresarial português é, na sua maioria, preenchido por microempresas, é um facto, mas uma grande fatia das micro e pequenas empresas são familiares [empresas cujos sócios são marido e mulher, sócios gerentes, etc.] e o lay-off não se aplica a sócios gerentes.
Para os empreendedores que, tal como ele, decidiram criar o seu próprio emprego, o empresário explica que o essencial é “adaptar o negócio à realidade”. “Por exemplo, enquanto alguns restaurantes aproveitam o take away para não perderem em 100% as suas receitas, existem outros que não vão fazer nada e vão morrer num curto prazo por falta de tesouraria. Por isso, o primeiro concelho que daria a alguém nesta situação era adaptar-se à realidade do mercado e perceber, primeiro, se o seu negócio vai conseguir ter procura e sobreviver ou não”, conclui.