Tem sido para mim difícil escrever nos últimos dias. Tanto pela falta de tema como pelo acumular de nervos, situações complicadas, etc. Portanto tenho me deparado com os motivos que me levam a escrever. Uma crónica – o que é uma crónica e porque é que a haveria de escrever. Naturalmente porque há uma vontade, uma motivação ou inspiração em primeiro lugar. Depois porque há uma certa rotina em escrever para um jornal ou revista que exercita os dedos, como os demais se exercitam em casa com exercício físico ou séries e filmes – é um modo de manter-nos humanos, numa pré-humanização – as coisas básicas da vida.
Os amiúdes do quotidiano são isso mesmo, partes da humanização estrutural. Como uma crónica que se lê como uma conversa de café. Assim que nos furtam esses detalhes esquecemos rapidamente que somos de carne e osso e perdemo-nos num virtual sem fundo, numa queda contínua até que se desperte do sonho (ou pesadelo) nos lençóis suados com ressalto que aperta o peito.
Então é preciso que haja cronistas que sejam mais literatos e reparem nestes detalhes ressalvando aqueles que os esquecem. E na impaciência de ler um romance do Dostoievski, Joyce, Hemingway ou Lobo Antunes (ou como eu mais recentemente comecei a ler – valter hugo mãe “a máquina de fazer espanhóis”), há que pelo menos relembrar as conversas paralelas nos bares aquando se frequentava para avistar um amigo esquecido.
As coisas não estão fáceis da varanda parece tudo estático – mas sem a matéria não há tempo – repare-se então nas mais ínfimas matérias esquecidas e leia-se mais jornais, revistas, textos de novos autores que vão aparecendo online e livros, muitos livros!
Este autor não escreve segundo o novo acordo ortográfico.